Estou confusa:
Que efeito em ti fez a lua?
Depois de tanto tempo...
Seria ainda eu?

Como num presságio sinto o odor de tuas súplicas
Mas, seriam por mim?
-Oh tempo, imensurável tempo,
Que podes passar para todos
Mas não possui o mesmo efeito sobre mim.

... E por ciúme, vaidade,  humildade, soberba ou temor...
Esse não saber o que não sei
E já sem forças e quase sem vontade
De querer saber e tão pouco não saber,
Visto trajes de cólera, altivez e melancolia
-Sem ao menos eleger o mais bonito ou o mais adequado-

Assim, ponho-me uma cética/crente
Entre o meio sorriso e o meio sentir
Ante o sonho e a intangibilidade
Que tua presença ausente me faz sentir.



Deixes-me partir,
Se não consegues deixar de trancar as portas.

Quanto de tuas vestes são vaidades?
Quantos rastros teus foram por mim perseguidos
Para que, ao fim, a alegria se envergonhasse,
As minhas horas não te beijassem,
E meu ser coroado fosse adornado de rosas tristes...

Grandes são os teus encantos
Que com palavras fazes pontes com o meu espírito
E consegue amamentar a dor - o nosso tédio-
Em um ópio homeopático que não possui moradia fixa.


Quem de nós poderia olhar uma determinada estação
E dizer que  foi mais nua que nós?
Fomos nós Sete vezes mais!
Sete vezes estive em posições favoráveis
Para te ver desfolhar as vestes...
...Estou a fenecer à míngua desse sentir...

A tua oratória é uma promessa  interrompida pela nossa realidade.
Ofertamos a um deus, por nós, deposto
Buscamos e não encontramos
Batemos e não entramos
O nosso amor pelos momentos sonhados
Sobrepõe aos vividos.

Onde estará o “nós”, mesmo que não exista?
Na poesia?
A cartase  dissipa-se depois de um tempo sentida
Numa fome que nunca sacia.

...Talvez, aí esteja à síntese da NOSSA agonia
Poemas são limitados.
Resguardados, coagidos, acanhados
Cujos dispositivos automáticos são sempre de opressão e de castigo.
Estaremos sempre aqui, condenadas a uma eternidade,
Mesmo depois que barqueiro sombrio nos coma...
Presas nestes versos estranhos por um amor atemporal.
Sem singularidade, sem nomes, sem  realidade
E sem saída.


Por que me chamas?
Não sabes, ainda que sabendo,
Que carrego no mais alto cume de mim
O gosto da nossa derrota,
E que ainda sou aquela que não quero ser?

Com que nó me prendes?
Nó das palavras?
-Não! Não só.
A minha matéria testemunha teu canto
Numa empatia que não consigo explicar

Em sonhos vieste a mim
E quando fui ao teu encontro
Palavras, das mais quentes
Notificaram o inferno de não te ter.


Ética-
"Porque nem tudo que eu quero eu posso.
nem tudo que eu posso eu devo.
e nem tudo que eu devo eu quero."


Gosto quando provocas
E o quanto sabes que me excitas!
Bem sei que não é certo que eu possua tua carne nua
E tão pouco terias a coragem, mesmo na noite escura,
(Cujos gatos são pardos) te libertar da miopia que te ofusca.

Sempre temerás a mim e eu a ti
Sempre te apegarás às lembranças
Mais do que as múltiplas possibilidades de um novo sentir.
Um “Não!” ou uma simples hesitação seria demais para ti.

Eu sei, também estou assim!



Não sei dimensionar em poesia o que se sente
E não se edita.
O que calha amenizar e com que calma...

O universo é tão entrópico quanto o meu.