Apareces com acuidade
envenenando minhas retinas
envenenando minhas retinas
Em doses suficientes para me
prender.
E repreendes minhas sensações
convencidas de desesperança,
Ainda que sejam convencidas;
As convencidas acuidades das
minhas sensações,
Ainda que sejam de certeza.
Nossa canção de confinamento,
Nossa pausa racionalizada,
O intervalo de inércia,
E a negação do ser.
Tudo isso nos abstraem
De um não pensar e de um não
sentir,
Mas outros sentidos nos traem
como dispositivos lúdicos...
Sons como prelúdio da festa,
Toques num coração cristalino
que não pulsa,
Luas de memórias encostadas em
bancos,
Bocas que incharam com o uso,
Tal qual perfume de um mar que não
consigo sentir em mim.
E assim, como num brinde,
O sentimento em me se fez,
Quando diante do teu olhar,
Num gole mais audaz,
Estive condenada a te buscar
Para sempre.
Para sempre.