O tempo que passa se organiza
Para que nada nos priorize
E vivemos a realidade do que
passa,
Do que surge e do que nos toca...
Esse é o tempo das horas
Como quem espera o momento certo!
Ciclo vicioso de agir, comer e
dormir.
E vamos às festas; às compras;
Trabalhamos; descansamos;
E queremos estar em todos os
lugares ao mesmo tempo
E comemos sem tempo de digerir.
... Mas, nosso ser adulterado
Busca também plenitude dos gestos
passados.
Pequenas minúcias dos atos
Do que surgiu em nós
e por nós,
e por nós,
Na sensibilidade lúdica das
placas,
Nos batimentos das asas que
roçavam os ventres...
Esse é o tempo das sensações que
surgiram
Na autenticidade do se sentir
viver.
Horas perpetuadas,
Encontro e colisões entre o agir
e o receber,
O degustar e ser degustada.
Um sobressalto de emoção,
Um deslocamento de ritmo,
O verdadeiro Carpe Diem em
evolução
Cujo descanso é apenas uma
obrigação.
... O tempo onde tudo que passa,
surge e nos toca
É o mesmo tempo que nunca passa,
Nem surge,
E nem nos toca...
Esse é o tempo dos sonhos febris
e inconformados,
Uma engrenagem sigilosa
Trabalhando em “Tac e Tic”
Que cultiva a imaginação
Maculada pela vida que passa
Porque não passa.
Ponteiros que sempre querem agir
e não podem,
Buscam e não encontram.
Uma breve náusea que trago comigo
E vou dormir com a ilusão de que passe.