Vejo a praia que és tu
Em ondas a tatear, me buscar e recuar.
Vejo a lua que também és tu
Que de cheia começa a minguar,
E que já não inspira o violão;
Nem os trovadores;
Nem as senhoras, nem os senhores;
Nem mesmo os lobos;
Nem as sereias;
Nem o mar.

Vejo a relva que foste tu
A esverdear e secar.
O sol que também foste tu
Que vivia a me acalentar,
E que agora queima a cera que liga as penas que roubei dos pássaros para te alcançar.

Vejo-me triste a definhar
Tal como as folhas de outono
Que caem para o inverno chegar.
Vejo-me como um fósforo riscado;
Um cigarro frio;
Um marinheiro sem navio;
A fé que não sabe acreditar.

Mas o que és e o que foste pouco importa
O que serás há de ser meta.
As lembranças lançarei aos pombos para alimentá-los
E o meu amor asfixiado ficará.
Tudo para te transformar na memória inútil
De um amor que não soube durar.

2 comentários:

  1. Linnnnnnnnnnnnnnnndo!!! Maravilhosooooooooo! É o q farei com a lembrança de algumas pessoas... laçarei aos pombos!!!!

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  2. Lembranças- são elas boas ou ruins, lindas ou feias, meigas ou irônicas, verdadeiras ou falsas... sempre serão lembranças, são elas que alimentam nossas nostalgias e insônias, são elas que nos fazem ser quem somos.Algumas lançamos aos pombos, mais prefiro lança-las ao mar, na esperança que um dia irá voltar.

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