A corda, meu amor,
De todo amor afrouxa,
Todo mais vira menos
Toda cor desbota,
E todo som já virou silêncio.

É quando pasmo ao ver o céu como sombra
Com suas nuvens pesadas e pêndulas de líquidos.
No mesmo instante que as folhas caem e vento geme
Em momentos de paisagens dos meus pensamentos.

-Ré, faça seu pedido!
Ou desenhe em qualquer pele o infinito
Pois a plúmula, em nosso íntimo, é uma flor-de-baile
Cujo sol é a empáfia que não se pode ter.



Uma emoção rígida quanto possível
Faz-me estremecer os gestos largos,
De douradas sensações prontas e tristes
Levando-me, em sons, a pôr ondas em meus lábios.

Mordo, em delírios, os gestos convidados
A interagir com a vida morta da degeneração dos nossos laços.
Coando, remoendo, dessecando
Os plebeus sons no encalço.

Os corpos sonhados rodeados de incensos.
Deitados líquidos por não serem rochas,
Tanta beleza reluzindo aquosa
Digestivo de asas e pulsando manhãs.

Como ousar pôr as mãos atadas
Se os sonhos as querem rodopiando um
Mundo entre os dedos.
As lembranças voluminosas da estação
Que nos desfolham em desassossego.





Eu passeio na rua
Com o estômago vazio de ti
Acreditando na dor e
No fôlego retido do tempo.

Saudosamente te trago em silêncio
Dadivosos votos de contemplação
E o mesmo esmoleiro cata os restos
Daquilo que te sobra
Ou o que dás por opção.


É lua cheia e você não veio
E nem nunca virá
Demorei a perceber...
Lenta sou com a realidade
E míope de sonho.
Há sempre um intervalo entre
Mim e ti onde escondo
Todo o infortúnio da espera.



Tantas cores embelezam a cidade
Para lembrar o grigio dos meus dias
Muitas sandálias brincarão sobre os meus olhos tristes...
Os mesmos frevos...
E o mesmo ser...
E a tão longínqua lembrança
De hálito e cerveja
Sobre o meu corpo.