Ao discernir que espera
Não provém esperança
Vago em olhos rasos
E mínguo o esforço para que me importe.

Assomam-se dias que o luto morre.
E nos raros que ainda agoniza,
É sob o julgo hormonal que se homizia.
Efeitos lunares e eclipses vulgarizam
O que doravante se dava em primazia.

Degluta ideia não tardaria
E triste, vejo o fim que enfim chegaria.
Passadas largas atravessam arcaica ponte
Que de velha não mais aguentaria.

Sob o lápis guiam significantes;
Infra-saberes postos sobre a tela;
Palavras limítrofes entre o lambuzar e a dolência...
E notas como rastros de um enunciado
Que já haviam dado os indícios bilíngues e biografemáticos
De quem me coloca como referência.

...Leitura de contrações onde inflamo e incido tudo...

Sigo intertextualizando e não ouso me culpar
Pelo ser inanimado do ventre amorável,
Pois também sou mãe e também tenho engravidado.
-Gêmeos siameses de corpos separados-

...Mas ao consternar-me com as batidas que meu âmago emana,
Dos momentos memoráveis e estáticos que giram fâneros em consciência.
Das lembranças Fênix onde as mágoas não mais atormentam,
Lembro-me de um nós e lembro-me das flores,
Contudo, o futuro de nada como pressuposto
Pelo “mais” que fomos expostos,
São os algozes famintos que a vida mostra sem pena.

Amores órfãos e pagãos da indiligência de um sentir mútuo,
Onde no símbolo do infinito se manifesta:
Pais, eis os teus filhos- Filhos, eis os teus pais.

Íngreme em quimeras vi anoitecer
Saltos de luzes iguais a mim e você
Ingratos tons, meio azuis, no céu tecer
Salvos nós? Não, nem eu nem você.

Diante do melhor anfiteatro que se pode ter
Entre banco e tapume o leito se fez...

Pairavam em nós venetas volúpias,
Às claras para nos esconder,
Uns viam, outros voltaram para ver.
Lá íamos fundidas em verde
Até que o fim viesse amadurecer.

Isola-se isótopo  
Ao bulhar quer que comece. 
Molha irracional eiva, 
Teias encobre treze, 
Gargalhando o que tem perto. 
Tenta cem naus  que rompa
a Corda mixórdia gôndola.


Pousa em mim um elemento
Que no arrebol azafamava
Olho-o incompleto e abortífero
O seu ruído incomoda,
Mas lhe digo que passa.

Seus olhos escarlate me fitam
Em inanimadas imagens enquanto durmo
E ao acordar lhe ponho de castigo
Digo que sei que existe
Mas o cilício não cabe no meu mundo.

Ele balança seus cabelos negros
E o cheiro toma todo o lugar
Chega a arrepiar meus pelos
Digo-lhe: isso não vai adiantar.

Novamente ele quer falar.
Abro a porta e digo que aqui não é o lugar
E que só poderá me incomodar enquanto durmo,
Pois desperta vigiarei para ele não entrar.

Ele toca meu rosto e barafustado tenta me beijar
Cerro meus lábios, no pavor de o sentir chegar...
Num átimo ele se põe prostrado
E entre lágrimas balbucia melodioso para ficar.
Digo que não posso que não o acho crível
E que me deixe em paz.

... E assim um orvalho de pena saltam meus olhos
E antes que eu pudesse deter lhe molham os lábios
Que ele o põe a chuchar...
Seus olhos agora de um marrom difuso
Acompanham seu sorriso translúcido.
“Biltre!Biltre!Biltre!...” o chamo sem parar...

Ele se vai vitorioso, pois sabe que voltará.

Fímbria na fronte pequenas chuvas negras
Que meus dedos ousaram tocar
Fecho os olhos para lembrar dos dela
Marrons tons, quase laranjas, como Topázios Imperiais.

Flanei quanto pude flanar
A baixa grama fincava-me o rosto
Quando pousava devagar
Colada sua face sobre a parede fria
Que não ousei prensar.

Penso nas minhas orelhas
Que lhe pareciam especiais 
Da língua quente a rodopiar nelas
À medida que ofegava mais.

Lembro-me do corpo de azeviche sinais
E os contidos gemidos que da fauce são sai
De todas as agruras que real lhe faz
Longe dos mitos dos seus ancestrais.




"Toda a vida da alma humana é um movimento na penumbra. Vivemos, num lusco-fusco da consciência, nunca certos com o que somos ou com o que nos supomos ser. […] Somos qualquer coisa que se passa no intervalo de um espetáculo; por vezes, por certas portas, entrevemos o que talvez não seja senão cenário. Todo o mundo é confuso, como vozes na noite. Estas páginas, em que registro com uma clareza que dura para elas, agora mesmo as reli e me interrogo. Que é isto, e para que é isto? Quem sou quando sinto? Que coisa morro quando sou?" L.doD.


O que fomos nós na penumbra do quarto, de porta aberta,
Com janelas por sobre nossas cabeças
Com vista a lugar nenhum?
O que dividíamos no espaço estreito
Na ausência de sons, apenas ruídos?
Quem foste tu em mim, na proximidade de nossos corpos
A me por consciência física e aguçar-me os sentidos?
O que fui para ti em despudores, em palavras, gestos, cores...
E no meu contato próximo aos teus  tímpanos?
O faremos de nós?
O que de nós será feito?
O feito está em nós.
Entre nós está feito.
Mas e o porvir?
Onde isso limitará a nós?
Até onde expandiremos nós?
Que intervalo há entre mim e ti e o tudo?
Não sei...não sei...não sei...
O que sabes tu, para que me digas?
Serva sou das minhas interrogações de nulas certezas.