Tu que
pedias massagens
Para que eu pudesse te sentir
E tiravas risos em meu íntimo
Só por ser assim.
Mendigavas meu desejo,
Maquinavas um meio para que tua pele eu
pudesse sentir
Ou me ofertava teu colo
para
aspirar teu perfume
Como se eu não pudesse sentir daqui
Tua juventude cai de madura
Volúpia de um mar de intenção
E eu me recolho jocosa
Com tua insistente pretensão.
Quando um vislumbre de verdade flama
Sobre uma possível tensão
Logo replicas: Não sou desejável não?
Digo que sim, mas não para o meu atual
coração.
- Onde estás?
- Em casa.
- O que pensas?
- Em tudo.
- O que é tudo?
- O começo da minha consciência até o fim
dela.
- O que esperas?
- Nunca espero
- Por quê?
- Porque toda espera é ansiosa.
- Não sonhas?
- Sempre.
- Todo sonho é uma aspiração e com ele não
vem a espera?
- Meus sonhos são todos meus; não espero
nada deles, pois eles nunca são iguais.
- O que vês?
- Imagens
- E o que são?
- São dela.
- Quem é ela?
- Segredo. Não digo.
- Está contigo?
- Não. Apenas as imagens.
- Ela virá?
- Acredito
- E se vier o que irás fazer?
- Sentir com toda a minha libido.
- E se não vier?
- Sentirei com todo o meu pesar.
- E se vier e não for o que esperas?
- Terei outro tipo de consciência.
- E o que seria essa consciência?
- Não sei. Ainda não a tenho.
- E se ela vir e for tudo como pensas?
- Serei tudo o que ela pensa também.
- Por que dizes isso?
- Porque costumava ser assim.
- Podes falar por ela?
- Ela disse que sim.
- E o que mais ela disse?
- O importante é o que não disse.
- O que queres dizer?
- Não existe segredo.
- ...Não compreendo...
- "Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos."
-...Humm, estou tentando entender: É apenas uma citação de Freud ou realmente vocês se tocaram?
- Tudo nela me toca
- E ela sentiu que te tocou?
- Ela, na dúvida, atestou.
- Como?
- Tocando em meu peito para sentir o meu
coração.
- Você fez o mesmo?
- Sim
- Então... você duvidou?
- Não. Pretendia tocar em outro lugar.
- Onde?
- No ventre
- Para quê?
- Para sentir as borboletas.
- Que borboletas?
- As que sempre estavam ao nosso redor.
- Por que não tocou?
- Não foi preciso.
- E por que não foi preciso?
- Pois ela arfou
- E isso quer dizer...?
- Que as borboletas vivem
- O que queres agora?
- Muitas coisas...
- O que tens agora em mãos?
- Um cigarro
- Ansiosa?
- O cigarro é um substituto perfeito
- Substituto de quê?
- Para aliviar a minha volúpia.
- Freud?
- Sim.
- Falando em Freud, se tua id falasse agora, o que diria?
- Não diria, agiria como se fosse a própria
fome.
- E o que superego diria?
- Ele é um eunuco com seu caderninho de
paradigmas
- E o ego?
- Pensando...
- Em quê?
- No que decidir.
- Decidir é difícil para você?
- Sim.
- E se você a beijasse, o que sentirias?
- Gula.
- Se ela te tocasse?
- Espasmos.
- Como te sentes agora?
- Muda, surda, cega e faminta.
- E como podes reverter?
- A afonia com a palavra; a surdez com o
som, a cegueira com a luz e a fome com o alimento.
- Você foi realmente sincera nesta conversa?
- Não.
- Por quê?
-" não existe verdade 100%..."
- Deixe-me adivinhar: "... Assim como
não existe álcool 100%"?
- Sim!
- Freud?
- Freud!
Teu corpo revelado e suas metáforas
Nunca foi e nunca será ponderado
Teu corpo com suas falas
Deslizando em meus olhos extasiados
Arte desnuda invadindo minhas retinas
Em uma espécie de teatro imaginário...
"Erótica é a alma", já dizia
Adélia Prado
- Sutileza sem imposição-
Oásis imagéticos
Fins artísticos de contemplação.
E de repente nossos corpos foram revelados,
Corpos
vistos e
Não tocados,
Embaralhados
em teias internas de perceberem e
gostarem de si
Quando o amor descaminha
Teu lado sombrio me desperta.
Surges de fragmentada a não figurativa
De imagética à concreta.
Pequenas explosões no meu peito plantaram os laços
Até te ter bem perto e em pedaços
Tantos cacos municia-me o coração, já raso
Do amor que despetalei.
Cai a fronte, o queixo e o baço
Os teus olhos, teu ventre e teu braço
Tantos pedaços por mim martelados
Tantas lembranças postas ao descaso
De um amor que outra potente jaz fraco
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Quem sou eu
- Renie Raz
- Se quiseres me conhecer, sua visão terá que ir além da noturna insônia. Terá que dar asas aos seus loucos pensamentos E não se espantar se eles seguirem os limites traçados pela vulgaridade.
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